2006-08-05
GOMBRICH #01
No começo não havia bem arte. A arte tinha uma função... uma casa construída com ramos e folhas servia para abrigar... se fosse feita de modo «harmonioso» isso era acessório... Esta noção do «primitivo» ainda existe hoje... Ninguém pega numa fotografia de um futebolista e lhe espeta 1 lápis afiado nos olhos... Ninguém está a furar os olhos do futebolista e no entanto... ninguém ousa fazer esse gesto numa fotografia do futebolista... O dito «primitivo» ainda nos acompanha... :)
Nas primeiras tribos pintar um auroque (boi europeu já extinto) no tecto das cavernas era como que possuir e dominar o auroque real. Foi deste modo que na Pré-história nasceu a gravura (petroglifos) e a pintura rupestre.
Os artistas, por muito habilidosos que fossem, não tinham que inventar nada... Cada cor tinha 1 significado... Cada forma representava 1 ideia... Hoje pode-se verificar que, mais 1 vez, o «primitivo» continua a demonstrar-se... Uma bandeira não é avaliada pela sua harmonia de cores, um anel de noivado não é para ser trocado por 1 outro + bonito, 1 àrvore de Natal é decorada de acordo com as regras de cada «tribo» familiar...
Se pensarmos nos materiais de que dispunham, estes artefactos «primitivos» revelam uma enorme quantidade de trabalho, uma perícia inegualável e uma paciência sem limites. Claro que isto não é tudo, senão os artíficies que constroem navios dentro de garrafas estariam entre os artistas + bem cotados...
É também o próprio conceito de «primitivo» que cai por terra quando se avaliam as proporções anatómicas de algumas estátuas da Nigéria... É óbvio que ninguém no séc. XII lhes andou a dar lições de arte grega clássica!
Ao desenharmos 1 cara (1 circulo) com 1 boca ( 1 traço horizontal) e 1 nariz (1 traço vertical), e por mais mal feitos que fiquem estes traços, toda a gente sabe que faltam 2 pintas para o desenho «primitivo» ficar completo. Em vez de 2 pintas, podem ser 2 cruzes, 2 bolas, 2 manchas... Desde que o artista as coloque no sitio certo (no lugar dos olhos), o público reconhecerá a imagem. Esta máscara maori ilustra isso mesmo. Experimentem «tirar» os olhos e o rosto desaparece!
Quem não reconhecerá a imagem sem a devida explicação somos nós! Um totem índio norte-americano não é 1 sucessão de máscaras horrendas dispostas na vertical, é a narração de 1 mito daquela tribo. Uma delicada escultura inuit de 1 animal não é necessariamente só a representação desse animal. A ornamentação de uma estela hondurenha da cultura maia não foi necessariamente vista à data de criacção como arte. Uma serpente para os aztecas (as voltas de um trovão, parte integrante do terrível deus da chuva Tlaloc) não tem o mesmo significado para os aborígenes australianos (as voltas do grande tempo do sonho).

Os artistas, por muito habilidosos que fossem, não tinham que inventar nada... Cada cor tinha 1 significado... Cada forma representava 1 ideia... Hoje pode-se verificar que, mais 1 vez, o «primitivo» continua a demonstrar-se... Uma bandeira não é avaliada pela sua harmonia de cores, um anel de noivado não é para ser trocado por 1 outro + bonito, 1 àrvore de Natal é decorada de acordo com as regras de cada «tribo» familiar...
Se pensarmos nos materiais de que dispunham, estes artefactos «primitivos» revelam uma enorme quantidade de trabalho, uma perícia inegualável e uma paciência sem limites. Claro que isto não é tudo, senão os artíficies que constroem navios dentro de garrafas estariam entre os artistas + bem cotados...

Ao desenharmos 1 cara (1 circulo) com 1 boca ( 1 traço horizontal) e 1 nariz (1 traço vertical), e por mais mal feitos que fiquem estes traços, toda a gente sabe que faltam 2 pintas para o desenho «primitivo» ficar completo. Em vez de 2 pintas, podem ser 2 cruzes, 2 bolas, 2 manchas... Desde que o artista as coloque no sitio certo (no lugar dos olhos), o público reconhecerá a imagem. Esta máscara maori ilustra isso mesmo. Experimentem «tirar» os olhos e o rosto desaparece!


To be continued: para a próxima semana não percam entrevista exclusiva a Nefertiti onde esta presta conselhos úteis de modo a eliminar rugas para todo o sempre, eheheheheh!
Etiquetas: História da Arte