2006-08-22

 

GOMBRICH #03

Nas ilhas temperadas do Mediterrâneo não existia 1 único rei, 1 única religião e como tal a arte não conseguiu ficar estática durante milénios, tendo florescido. Um exemplo já dado é a cultura minóica de Creta. Com a chegada dos aqueus ao Peloponeso (1.000 a.C.) e a sua superior tecnologia do bronze tudo isso mudou. A arte na época de Homero nas terras conquistadas voltou a regredir para a simplicidade. Os espartanos (originários da tribo dórica) criaram o primeiro estilo austero e funcional, cujo mais famoso exemplo é a coluna dórica. Estas construções primitivas em pedra imitavam as técnicas de construção tradicional em madeira e todavia imprimiam graciosidade ao edificio.






A cidade de Atenas foi um dos pólos de desenvolvimento artístico. Os gregos tinham aprendido com os egípcios o seu estilo baseado no conhecimento. Todavia os escultores gregos basearam o seu estilo na observação visual e este pormenor marcou toda a diferença. Se bem que os resultados pudessem nem sempre ser bonitos (cfr. imagem ao lado dos kouros), ao contrário da beleza segura dos egípcios, o facto é que o caminho estava traçado para a inovação constante e a aprendizagem partilhada.









De seguida os pintores fizeram o mesmo. Aqui temos a dificuldade histórica de não conhecer os grandes mestres dessa época. Sabe-se que muitos deles eram mais famosos do que os mais famosos escultores. Só chegaram até nós as pinturas sobre materiais duradouros, tais com os vasos de vinho. Mas aqui os pintores gregos fizeram 1 descoberta importante: os planos. Um pé já não precisa de ser pintado sempre de lado (esquerdo ou direito) e surgem dedos dos pés virados de frente! Custa a acreditar que 1 ideia tão simples tenha demorado + de 80.000 anos (minorante estimado da data de aparecimento do Homo sapiens) a chegar!!!

Tudo isto aconteceu num período em que a democracia, as ciências, a filosofia e o teatro começavam a aparecer em Atenas. Todavia, para os grandes pensadores, escultores e pintores eram criaturas de 2ª classe: trabalhavam com as mãos! Estava-se na época de ouro de Péricles, no tempo em que Atenas derrotou a Pérsia (séc. V a.C.). Apesar do desdém pelos artíficies, os grandes escultores (Phídeas, responsável por 1 das 7 maravilhas do mundo antigo: estátua de Zeus em Olímpia) e arquitectos (Iktinos, responsável pelo Parténon na acrópole de Atenas) eram tratados com enorme devoção pelos gregos.

A maior parte das obras perderam-se para sempre. O nosso conhecimento vem de cópias que Roma fez desses tesouros. Quando se descobrem originais gregos a nossa concepção deste fica sempre abalada. Quando se encontra uma estátua em bronze dedicada pelos vencedores das Olímpiadas aos deuses, verifica-se que é algo de totalmente novo. Por isso, quando se vê 1 cópia romana em mármore do Discolobos em bronze de Míron sabemos que o original seria muito mais bonito. E contudo... quem quiser copiar a pose do Discolobus para atirar discos vai ser confrontado com o (quase) impossível... É que toda a disposição é estritamente... egípcia! Só a arte do escultor permitiu «captar» o momento de largada do disco. Míron conquistou o movimento da mesma maneira que os seus colegas pintores conquistaram o espaço!



To be continued: Será que é desta que Milo perdeu a cabeça? Será que 1 misterioso meteco teve que dar 1 mãozinha a Vénus? A resposta a esta e muitas + perguntas no episódio CC (a.C.) da famosa telenovela «Vi-me Grego Para Chegar ao Fim»! Aproveite esta promoção e assista ainda (por mais meio dracma) à transmissão em diferido (ano 79 a.C.) da destruição dos escandalosos murais da vila Veettii (algures na Campania) por acção de algumas toneladas de cinzas, escórias e lavas.










Etiquetas:


Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?