2006-08-08

 

NÓS & A GULBENKIAN (Opus III)

Após percorrermos os «gostos» pessoais de Gulbenkian, convenci a Ana a ser guiada por mim pela colecção permanente. A sua irmã preferiu ir ver a Biblioteca e a exposição ARTE DO LIVRO - DE PARIS A TÓQUIO. Eís aqui algumas impressões desta (re)visita à colecção permanente...



OPUS III - O MUSEU GULBENKIAN

O percurso pelo museu inicia-se com a antiguidade: Egipto, Grécia, Roma e Assíria. Com a excepção do Museu de Arqueologia (onde também se recua ao Egipto, Roma e demais arte ibérica) só através desta colecção se consegue avaliar no nosso país estes períodos recuados da História de Arte.






O grande salão que se segue contem uma grande colecção de arte muçulmana. Desde roupas, a tapetes, a oratórios, a caligrafia, a lâmpadas, a cerâmica, a azulejos... Consegue-se quase acompanhar o desaparecimento da figura humana e o enriquecimento da geometrização dos padrões imposta pelo Corão. Compreende-se com alguma facilidade a importância e a dimensão deste espólio. Feitas as contas Calouste era arménio e Iznik era «mesmo ali o lado».



Ai, que eu podia encher meio blog só com a arte Oriental (China e Japão)... Mas vou-me calar bem caladinho. Já lá estivemos (quase) todos. Já (quase) todos vimos aquelas pequenas belezas... Todavia, a carne é fraca, e eu não resisto a colocar aqui um pormenor de uma caixinha de metal japonesa...



Um corredor obriga-nos a traçar os primeiros passos da arte europeia, através do período medieval. Um pouco de escultura, muitos Livros de Horas repletos de iluminuras e miniaturas talhadas em marfim são algumas das preciosidades deste espaço. É a arte totalmente ligada ao sacro.







A pintura europeia propriamente dita começa com exemplos da escola flamenga. Pequenos exemplos é certo... Mas quando se trata dos flamegos qualquer fragmento (a maior parte da arte desta época foi cortada de retábulos esplenderosos) é uma delícia. E eu gosto particularmente deste Rogier van der WEYDEN do séc. XV.






Ainda no séc. XV fico sempre impressionado com este retrato de Domenico GHIRLANDAIO, um perfeito exemplar da escola italiana do Quattrocento.









Tenho que passar por cima de um MORONI, de 3 RUBENS (cfr. retrato de Helena Fourment no OPUS II), de 1 HALS, de 1 van DICK e ir direitinho para o inegualável Harmensz van Rijn REMBRANDT! Temos 2 REMBRANDT em Portugal! :) :) :) :) :) O chiaro-oscuro desta maturidade da escola holandesa do séc. XVII avassala mesmo!






Sem perder muito tempo na paisagem holandesa do séc. XVII (excelentes RUISDAEL e HEYDEN) saltamos rapidamente para a uma série de quadros da escola francesa do séc. XVIII. Não penso duas vezes em fazer tábua rasa de um excelente FRAGONARD e de uma multiplicidade de mobiliário de época, e vou directo para um auto-retrato de Nicolas-Bernard LÉPICIÉ.





Temos (eu, a Ana e a sua irmã que entretanto se juntou a nós) que parar 1 instante junto de 1 GAINSBOROUGH da escola inglesa do mesmo período antes de perdemos 10 minutos junto dos (19!!!) quadros de Francesco GUARDI da escola veneziana. Ai, esta paleta de cores é fantástica! Eu até acho que em algumas coisas este pintor é melhor que o CANALETTO e o BELOTTO que vimos na colecção RAU (cfr. post de 2006-07-03).




Nem dá para respirar pois mal se sai ficamos com 2 Joseph TURNER mesmo à frente... Porque é que o mestre não escolheu este «Quilleboeuf, Foz do Sena» do início do séc. XIX para nos ensinar as gamas quentes?





Ao virar as costas damos com 2 trabalhos do pré-rafaelita Edward BURNE-JONES. Descobri este movimento do Pré-rafaelismo só no ano passado na Tate Gallery em Londres. Foi uma revolução para mim, senti 1 identificação completa com estes pintores. Mais tarde compreendi que estavam associados ao simbolismo e desde aí a minha admiração por este «ismo» não tem deixado de crescer. Ter 2 quadros em Lisboa... é o paraíso de Milton (cfr. pré-rafaelismo!) trazido à (nossa) terra.


Jean-Baptiste Camille COROT! Nem há oportunidade para falar dos excelentes franceses ROSSEAU, BOUDIN, DAUBIGNY (este pintor tem 1 história pessoal com a malta da turma... fica para outro dia!), LÉPINE e MILLET do séc. XIX. O francês COROT é o verdadeiro precursor dos paisagistas! Pega na tela e vai para o campo pintar! ´Tá tudo dito...



Em arte, e na pintura em particular, quando se chega a este final de séc. XIX e inicio de séc. XX é sempre tudo a correr. Apesar da presença americana na colecção (CASSAT e SARGENT), o destaque continua a ser a França com os seus FATIN-LATOUR, MONET, RENOIR, DEGAS e MANET. Este último, por escolha dúbia da minha parte, é o favorito neste parágrafo... Todos são bastante bons!




E a colecção permanente encerra com 1 sala inteirinha dedicada a LALIQUE: a Arte Nova e a joalharia no seu esplendor. Sem palavras...





(à suivre...)

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Comments:
Muito bem. Interessante esta visita guiada. Só acho que também seria importante focar a excelente colecção de escultura. Sobretudo as magnificas obras de Rodin.
 
"pinceladas de quem veste a camisola laranja" - laranja? A cor é uma boa cor mas não vejo necessidade de a ligarem de forma tão óbvia ao vosso blog. Sobretudo quando esta cor é conotada com um partido politico de direita que, como se sabe, tende a ostracizar as artes em geral em deterimento das elites. Observem a história e verão que a maior parte dos países com políticas de direita nunca apostaram nas vanguardas, antes privilegiaram o antigo.
 
Caro allaboutheforest,

Como o lema do blog indica, este espaço destina-se a «pinceladas» e daí o (mero) lapso relativamente às excelentes peças de escultura que efectivamente se encontram exibidas naquela fundação.

Acerca da cor laranja... este espaço pretende ser 1 local livre onde se expressem e cruzem todas as ideias construtivas. A cor laranja tem valor sentimental para os colaboradores deste blog, que não pretende (de modo agum) ser 1 espaço de discussão política. Essa discussão surgirá, quando muito, secundariamente associada a questões artísticas.

Todavia, permita-me, 1 pequeno reparo ainda acerca da cor laranja. Na União Europeia existe 1 país que, apesar de utilizar indiscriminadamente esta cor secundária, foi, é e será sempre associado à ideia de progresso e conectado com a (tal) liberdade de expressão.

Obrigado pelos seus comentários.
 
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