2006-10-04

 

EU & MADRID (8ª Parte)

Cheio de emoções fortes não perdi muito tempo a subir até ao último piso do museu THYESSEN-BORNEMISZA para começar a ver a colecção permanente. Sabia que iria ter ali umas 3 horas (pelo menos) à minha frente... Só não tinha contado era que o museu (também) tinha aberto 1 novo anexo, expandido assustadoramente a dimensão da sua exposição!!! Nas contas do museu trata-se de mais de 200 quadros só nas novas alas!!! Desta forma é possível ver a colecção na sua totalidade (antes só se podia admirar as peças mais importantes). Foi 1 verdadeira surpresa... diga-se também que a surpresa era bastante penosa para os meus pés...

:)

MUSEO THYSSEN-BORNEMISZA - Colecção Permanente

2º ANDAR

1. Italianos primitivos

Possuindo alguns quadros ainda no estilo bizantino, é possível nesta sala perceber a ruptura que surge com GIOTTO, e que VASARI tão bem descreve naquilo que é a 1ª história da arte conhecida. O quadro ao lado, de Duccio di BUONINSEGNA, «Cristo e a mulher de Samaria no poço», 1310-1311, representa essa evolução em que surgem indicios do recuo da paisagem e onde, para todo os efeitos, se narra 1 história. A colocação de imagens sobre fundos planos, tão característica dos ícones bizantinos, começa a desaparecer. A escola da Toscânia (a de GIOTTO) rivaliza com a escola florentina (e com a de Sienna por arrasto).

2. Pintura gótica

O gótico foi 1 estilo com grandes influências da pintura de Sienna. O aparecimento do Renascimento é hoje visto como 1 ameaça ao gótico. Mas dada a dispersão geográfica o Renascimento demoraria muitas dezenas de anos até se expandir e consolidar como o movimento de referência. Deste modo, o quadro do lado, «A ascensão da Virgem» de 1457 por Johann KOERBECKE, é o melhor exemplo deste estilo neste museu.



3. Pintura holandesa primitiva

Um bom exemplo desta sala é «Diptíco da Anunciação» de 1435-1441 por Jan van EYCK. Embora ele não esteja aqui representado pelo famoso «Casamento dos Arnolfini» (tem que se ir à National Gallery em Lodres para ver esta beleza!) eu sempre gostei deste díptico monocromático.



4. Arte italiana - Séc. XV

É por estas e por outras que eu gosto de vaguear nestes museus... De vez em quando vemos (ou revemos, como é o caso) quadros que nos tiram da monotonia de 1 dada época. Que dizer deste «Cristo ressuscitado» de Bartolomeo Suardi, dito EL BRAMANTINO? Que é do séc. XV? Claro que não... parece quase 1 Almada NEGREIROS ou 1 Salvador DALI... mas quando me aproximo da placa identificadora... fico sem pinga de sangue... Afinal é mesmo séc. XV... 1460 é o que está lá escrito... O que é que esta gente da pintura andou a fazer estes séculos todos? Até aposto que naquela época este pintor foi 1 desgraçado... um incompreendido... Olho + atentamente e finalmente fico convencido... o tratamento da paisagem é mesmo daquela época... fui bem enganado...

5. O retrato na Renascença antiga

São pequenos retratos... as pessoas gostavam de os levar consigo e de os ter nas suas (pequenas) casas... E são todos muito bons. Eu gostei sempre do grotesco porque me parece mais real e este retrato, de um homem com feições rudes, feito por Robert CAMPIN parece-me mais fiel ao modelo do que o (celebrérrimo) «Retrato de Giovanna Tornabuoni» de Domenico GHIRLANDAIO. Mesmo o «Retrato de Henrique VIII de Inglaterra» de Hans HOLBEIN tem que ficar para 2º lugar na minha (sempre duvidosa) escala.





6. Galeria Villahermosa

Este retrato de «Alessandro de Médici» de RAFAEL ornamenta 1 sala que foi batizada em memória dos anteriores proprietários do palacete onde se encontra o museu.















7. Pintura italiana - Séc. XVI

O artista mais celebrado nesta sala é o veneziano Vittore CARPACCIO (lembram-se dele do museu da Gulbenkian? era aquele quadro em que ao lado da virgem se ajoelhavam os patronos do artista). O actual guia do museu tem como capa este «Jovem cavaleiro em paisagem» de 1510. Embora se trate de 1 retrato, desconhece-se de quem é. Embora cheio de referências alegóricas (animais e plantas) desconhece-se o seu real significado. Bom, já li algures que a flor de lírio está relacionada com a pureza e, deste modo, o quadro talvez realce as virtudes do jovem cavaleiro cristão.



8. Pintura alemã - Séc. XVI

Uma zona da colecção com quadros do Albretch DÜRER... Não mostrei o auto-retrato do Prado mas também não vai haver oportunidade neste espaço porque... e embora eu admire muito DÜRER... a minha admiração vai para o «Retrato de Senhora» de Hans Baldung GRIEN de 1530. Neste quadro, onde interpreta uma figura de CRANACH, demonstra-se o domínio da cor com 1 paleta bastante limitada: 1 verde, 2 vermelhos, branco e preto! Ora, tentem lá fazer o mesmo!


9. Pintura holandesa - Séc. XVI

Os artistas do norte da Europa deste período revelam as influências italianas da época, e chegam a chamar-lhe os Romanistas. Jan Gossaert, dito MABUSE, é talvez o mais antigo e mais representativo desses artistas. Combinava em harmonia as influências de DÜRER e de MICHELANGELO. O quadro «Adão e Eva» ao lado é 1 exemplo dessa mescla.




10. Tiziano, Tintoretto, Bassano, El Greco

Uma sala que quase não precisa de apresentações... Escolho «São Jerónimo no Deserto» de 1575 do veneziano TIZIANO para ilustrá-la. Embora fosse 1 dos pintores + reconhecidos em Itália neste período, o facto é que 1 sua viagem a Roma e o consequente encontro com MICHELANGELO (que acabava de pintar a Capela Sistina no Vaticano) alterou profundamente as sua obras a partir daí. Reduz a paleta ao mínimo, distribui as cargas tonais em traços soltos e rudes. Estes quadros pouco ou nada têm a ver com os produzidos na sua juventude. Chegaria a vez, séculos mais tarde, de outros também aprenderem com ele!

11. Caravaggio e o Barroco antigo

Uma variação do tema de «David e cabeça de Golias com 2 soldados», desta feita por Valentin de BOULOGNE. A marca da escola , que nunca existiu como tal, dos caravagistas do norte é inquestionável.




12. Barroco italiano, francês e espanhol - Séc. XVII

Mattia PRETI, ligado à cidade de Nápoles, surge na tradição caravagista em que foi (re)introduzida a naturalidade na pintura. O quadro «Concerto» de 1630-1640, com a sua intensa fonte de luz, reduz a cromatia a negros e terras sombras. A composição, entre outros aspectos, revela a influência do norte da Europa que terá recebido na sua estadia em Roma na sua juventude.


13. Pintura italiana - Séc. XVII

Os vendustiti estão cá todos: TIEPOLO, CANALETTO (quadro «Vista da Praça de São Marcos» de 1723 ao lado), BELLOTTO, GUARDI, e PANINI entre outros. O que me agrada em CANALETTO é que embora invada as suas telas com figuras em acção... o que invade mesmo é a sua atmosfera, a sua arquitectura e a sua (amada) cidade!


14. Pintura flamenga - Séc. XVII

A guerra entre a casa real espanhola e o movimento protestante provocou a separação da Flandres dos Países Baixos. Enquanto que os primeiros mantiveram viva a tradição italiana (RUBENS que quebra com o maneirismo), os segundos esxploraram novas direcções (veja-se o próximo parágrafo). Todavia alguns pintores equilibraram-se nos 2 mundos. O «Retrato do rei Jacques» pintado por Anthony van DYCK em 1631 na cidade de Antuérpia é o único quadro que o museu possui deste pintor.


15. Pintura holandesa - Séc XVII

É muito interessante verificar os percursos italianizantes do norte da Europa. Michiel SWEERTS, um pintor de Bruxelas, pinta em 1655 «Rapaz com turbante» numa alegoria ao sentido do cheiro e na antiga tradição caravagista. A presença deste quadro é tão grande que é difícil despegar os olhos dele e o abandonar da sala deixou-me triste.





1º ANDAR

16. Pintura holandesa - Séc. XVII

Que dizer deste período tão fértil? É impossível descrever as paisagens, as naturezas mortas, as cenas da vida privada, os interiores, os retratos de grupo... É impossível mostrar RUISDAEL, SEGHERS, SAENREDAM, MAES, HOOCH. Só sobra espaço para 1 singela homenagem a Frans HALS (grande pintor!) com o seu «Grupo familiar com paisagem» de 1645-1648.

17. Do Rocócó ao Neoclassissismo - Séc. XVIII

Quase que apetece por aqui 2 quadros: 1 do rococó (1 FRAGONARD ou 1 WATTEAU) e outro do neo-classissismo. Opto por este último período com «Retrato de Miss Sarah Buxton», 1776-1777, de Thomas GAINSBOROUGH. Desde que estive na National Portrait Gallery em Londres, que me persegue a dúvida: gosto mais deste pintor ou de Sir Joshua REYNOLDS? Todavia desde que descobri a hipocrisia do último e a sinceridade do primeiro... A escolha começa a ficar + segura... E feitas as contas o aristocrático REYNOLDS é bastante cinzento (na sua paleta e no seu snobismo)...


18. Pintura norte-americana - Séc. XIX

Pintura norte-americana, YES!!! Antes da Independência (John Singleton COPLEY, Charles Wilson PEALE), após a Guerra da Sucessão (James Goodwyn CLONNEY), passando pela escola paisagista de Hudson River (Thomas COLE), atravessando o período Iluminista (Martin Johnson HEADE, Fitz Hugh LANE), até ao tromp-oeil e realismo de Wislow HOMER (tenho 1 livro fantástico sobre este pintor!). Outro nome sonante é James A. McNeil WHISTLER que, atipicamente, sai dos USA e decide viver na Europa e explorar o japonismo... E finalmente John Singer SARGENT, filho de pais americanos, nasceu em Florença e passou a sua juventude a viajar por museus das cidades europeias... O resultado é fácil de calcular... Tantas telas grandiosas de tantos artistas de tantos estilos... Mas a minha escolha vai para George BROWN com um delicioso «Clientes dificeis»... :)


19. Do Romantismo ao Realismo - Séc. XIX

Exemplos desta época é o precursor espanhol GOYA, o clássico francês Theodore GÉRICAULT, o romântico francês Eugene DELACROIX, o romântico alemão (totalmente oposto ao romantismo francês)Kaspar David FRIEDRICH e o realista inglês John CONSTABLE. E o (sempre incrível!) Jean-Baptiste Camille COROT, sem ser Romântico, nem Clássico, nem Realista, precursor do impressionismo e fundador da escola de Barbizón, caracterizada pela sua rejeição declarada dos principios da Academia.






20. Pintura Impressionista

Tantos... Tão conhecidos... Opto por uma das bailarina de DEGAS... Sem mais palavras... Que rica colecção!

















21. Pintura Pós-Impressionista

São os Henri TOULOUSE-LAUTREC, Paul GAUGUIN, Vicent van GOGH, Paul CÉZANNE (o precursor do cubismo)... E 1 rebelde muito especial: Pierre BONNARD ilustrado pel'«O celeiro (Vaca no estábulo)» de 1912.



22. Pintura Fauve

Les fauves... as feras... a agressividade da cor... Henri MATISSE, Robert DELAUNAY, Maurice de VLAMINCK, Henri MANGUIN («As gravuras» de 1905).






23. Pintura Expressionista

Período que a turma tem admirado imenso... Senão vejamos... Wassily KADINSKI, Edvard MUNCH (de quem a Isabel Roberto foi buscar a sua inspiração para 1 seu quadro), Emilde NOLDE, James ENSOR, Frans MARC (de quem a Isabel Roberto e o Pedro foram buscar a sua inspiração para 2 seus quadros), Max BECKMANN, August MACKE (de quem a Sofia foi buscar a inspiração para 2 seus quadros), Otto MUELLER (excelente quadro na colecção!), Egon SCHIELLE, Otto DIX (excelente quadro!), George GROSZ, Ernst KIRCHNER (de quem a Helena foi buscar a sua inspiração para 1 seu quadro). Ilustro este último com «Franzi em frente a cadeira gravada» de 1910.




RÉS-DO-CHÃO

24. A vanguarda experimental

O estabelecimento do cubismo e as experimentações da vanguarda... Pablo Ruiz PICASSO, Georges BRACQUE, Liubov POPOVA (cubismo russo), Pavel FILONOV, Fernand LÉGER, Gino SEVERINI (futurismo), Kasimir MALEVICH (suprematismo russo), Frantisek KUPKA(cubismo orfico), Natalia GONTCHAROVA (raionismo russo), El LISSITZKY (construtivismo russo), Kurt SCHWITTERS (dadaísmo, collage e assemblage),Piet MONDRIAN (cubismo, ligações ao De Stijl e estilo próprio). Deste último apresento «Composição em Cores I» de 1931).


25. A síntese da Modernidade - Europa

Pablo Ruiz Picasso (regresso ao classicismo no quadro «Arlequim com espelho», ao lado), Joan MIRÓ (surrealismo), Marc CHAGALL, Paul KLEE (incluido no The Blue Rider), Max ERNST (surrealismo).










26. A síntese da Modernidade - USA

Georgia O'KEEFFE é 1 presença feminina americana do pós-guerra. Os USA viveram movimentos como o informalismo e o expressionismo abstracto. Willem de KOONING (referenciado ao expressionismo alemão), Jackson POLLOCK (extremista do automatismo surrealista), Mark ROTHKO (com a mesma perspectiva extremista). Deste último, apresento «Verde em roxo», 1961... Eu já tentei «imitar» ROTHKO e acreditem que é muito dificil aproximar-nos destas velaturas...


27. Surrealismo tardio, Tradição figurativa e Pop Art

São tantos quadros... e eu só posso escolher 1... ainda por cima a escolha não é dificil porque é neste espaço que se encontra o quadro de que eu gosto mais... De 1944 temos «Sonho provocado pelo esvoaçar de 1 abelha em torno de 1 romã 1 segundo antes do despertar» de Salvador DALÍ! Sublime ao ponto de me esquecer de René MAGRITTE, de Paul DELVAUX, de Yves TANGUY, de Edward HOPPER, de David HOCKNEY, de Roy LICHENSTEIN, de BALTHUS, de Lucian FREUD, de Francis BACON, de Alberto GIACOMETTI e de Michael ANDREWS...

(as aventuras madrilenas continuam num post futuro)

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Comments:
eu queria foto assim mesmo mais cor preta ebranca como eu fasso..
 
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