2006-10-22

 

GOMBRICH #05

Pompeia, de que falámos no artigo anterior, é o exemplo (morto...) de 1 cidade romana com influências helenísticas. Ora, Roma conquistou tudo. Primeiro: conquistou a Grécia. Segundo: no esforço de conquista não tem tempo para essa coisa da arte. Assim, são os artistas gregos que começam por ditar as modas no império romano. Mas o império é o império e algo muda. A arquitectura gigantesca impressiona com os seus aqueductos, estradas, pontes, banhos públicos, etc, etc. Mas os romanos copiam tudo: o rés-do-chão do Coliseu em Roma é em dórico, o 1º andar é jónico e 2º e 3º são em coríntio.


Um outro exemplo de arquitectura são os arcos triunfais que os romanos deixaram espalhados pelo mundo. Os gregos concerteza que conheciam a técnica. É dificil construir 1 arco com pedras soltas... Mas 1 vez dominada a técnica os romanos não perdem tempo a desenvolvê-la: são os pilares de 1 aqueducto ou são a charneira do tecto de um Panteão (templo de todos os deuses)... O panteão de Roma ainda hoje sobrevive porque foi sempre utilizado como local de oração (pagã e, depois, cristã).

O que nos leva aos cristãos e aos retratos... Era tradição levar 1 imagem (pedra, cera, etc.) do imperador e adorá-lo como prova de lealdade. Os 1ºs cristãos começaram a ser perseguidos pela sua refusa em prestar esta homenagem. Mas quanto aos retratos... os romanos libertaram-se da idealidade grega e começaram a esculpir bustos que representam verdadeiramente os retratados. Assim temos a certeza de, pela 1ª vez na história, saber exactamente como eram os grandes nomes de Roma. Até porque alguns deles foram feitos pela técnica funerária de máscara de cera... Não existe nenhuma intenção em esconder a dureza das feições do imperador Vespásio 70 a.C. (cfr. fotografia ao lado). Este busto concerteza não retrata nenhum «deus»!

E numa contínua cópia de tudo o que já se tinha feito... A narração e exaltação dos feitos militares é de 1ª importância no império. A coluna de Trajano é o melhor exemplo disto. A arte na coluna, embora repleta de exercícios de arte admiráveis, não é arte e volta a ter 1 função clara. Os romanos são pessoas muito práticas... e infuenciam verdadeiramente os povos conquistados.

Veja-se por exemplo o caso dos egípcios. Apesar dos sonhos de Cleopatra, o Egipto cai mesmo nas mãos de Roma. E a influência desta não deixa de se fazer sentir! Continuam a mumificar os seus defuntos mas as pinturas que representam os falecidos... O beneficiário da viagem no além está perfeitamente identificado (100 d.C.). Bom, se pensarmos que eram feitas por artífices sem qualquer tipo de formação... Isto é que é modernidade!









E a influência do império extravasa o próprio império! Na Indía os estilos de escultura próprios floresciam muito antes da arte helenística ditar a regra. A narração das batalhas (mais na versão soft) de Buda, da personificação de Buda e na manipulação da figura humana surgem pela primeira vez em Gandhara (200 d.C.).











Outro povo a ser influenciado foram os judeus. Por via da torah era proibida a representação de imagens por medo de idolatria. Mas a ideia de utilizar as imagens para contar 1 história não lhes caiu do céu. Foram recentemente descobertos frescos (245-256 d.C.) em ruinas de sinagogas num pequeno enclave romano na Mesopotâmia: Dura-Europos. O facto das figuras não retratarem fielmente a natureza permitia a aceitação desta arte por parte dos rabinos mais radicais. E por aqui começamos a vislumbrar o caminho percorrido pela primitiva arte cristã!


Uma das primeiras representações da arte cristã surge no séc. III d.C. nas catacumbas de Priscila. Os 3 judeus martirizados no fogo por Nebuchadnezzar, embora revelem as técnicas já utilizadas em Pompeia, não precisam de estar bem pintados para transmitir a sua mensagem. Mas a primeira representação conhecida da figura de Jesus Cristo surge em Roma no sarcófago de Junius Bassus (389 d.C.).

Os tempos dificeis que vêm com a queda de Roma (processo gradual entre os séculos III e V), e a perda do conhecimento dos métodos antigos, não explica por si só a «regressão» a que se assiste. Os artistas já não querem seguir as regras helenísticas de idealidade. Tentam obter novos efeitos. Tentam simplificar a mensagem. Eliminam os pormenores. Diria-se estarmos a ver uma «vanguarda» e não uma «regressão»! A arte dessa época retrata o povo que testemunhou, e que finalmente aceitou, a ascenção do cristianismo e a queda do mundo antigo!


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