2007-03-29

 

Diário de um Pincel - II

Os olhos, são as janelas da Alma.




Através deles filmamos o quotidiano e imprimimos na nossa película interna, momentos únicos que nos tocaram especialmente.
Aí então, para além dos pormenores insignificantes, quantas vezes irrelevantes para aqueles que partilharam connosco os mesmos pedaços de vida, ainda os consubstanciamos com os outros sentidos e....
juntamos-lhes um cheirinho bom, um sabor de crescer água na boca, um toque gostoso ou, exactamente o contrário se o registo for negativo.
Pois bem, na minha qualidade de Pincel de pêlo de esquilo (pobre bicho) recentemente promovido a cronista, sou muitas vezes compelido, sempre com suavidade claro, a transportar para a porcelana as cores amarelo douradas, os vermelhos fogo, os rostos queimados pelo sol e marcados pelas desditas da vivência.

Estou certo que a estas óbvias tendências, não é de todo alheio o saudosismo daquilo que a minha mão mestra chama de “África Minha” , bem como o facto de lá ter vivido durante 22 anos.


Talvez por isso, assim foi denominado este trabalho, no qual os vários planos da pintura sugerem um presente e um passado, visualização de memórias reacendidas e agora percebidas sob perspectivas mais maduras.
Nos olhares porém, não existe tempo nem espaço, estão ali em uníssono, balanceados no som mudo do batuque da nostalgia.

Por agora de todos me despeço até uma próxima e perdoem-me a ligeireza, mas deixo-vos para mergulhar no óleo de pintar, antes que o sal de alguma lágrima perdida, dê cabo da hidratação do meu rico pêlo e me ponha no desemprego.

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Comments:
Estimado pincel,

A pergunta que coloco é que, sendo as suas cerdas provenientes de um roedor dos países frios, como é se desenvolve uma tal sensibilidade para os tons quentes?

Não me vai dizer que a responsabilidade é toda da mão mestra... Acho que o Sr. Pincel deve ter mais autoestima e reconhecer que sem o seu profissionalismo onde é que andaria essa tal mão mestra...

Que ainda por cima o compele a uma actividade de cronista, não sem alguns perigos de oxidações por via de sais lacrimais.

Deixo à sua consideração este manifesto.

Trate da sua vida! Estime-se! Oleie-se e comece a pintar de acordo com o andamento natural das usas cerdas.

Tenho dito!
 
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