2007-05-18

 

(Ex)primindo Impressões - Number Four

O British Museum tem de facto 1 colecção impressionante... Já tinha visitado a ala do Japão muito recentemente mas quando eu agora lá regressei vi logo pela primeira amostra ("Zhuan Zi Sonhando com Borboletas" de 1847 de Katsushika HOKUSAI) que tinham novas belezas à minha espera... Assim, até vale a pena ir de 6 em 6 meses a Londres...




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Number Four: As Gravuras Japonesas


Em 1710 aparece-nos esta gravura «Cortesã em Pé» de Kaigetsudö Anchi numa evocação do romance aristocrático. A cortesã aparece vestida com um fato decorado com flores flutuantes e leques da corte. O formato de gravura utilizado imita a antiga tradição dos rolos de seda pintados tão característicos de períodos mais antigos. Os gravadores deste estúdio vendiam as suas gravuras no infâme bairro do prazer Yoshiwara da antiga Edo (actual Tóquio).






Suzuki Harunobu frequentemente evocava a beleza das mulheres do passado em belas gravuras. Aqui, a poetisa Ono no Komachi é representada vestida nos seus robres brocados com múltiplas camadas de tecido. A gravura foi impressa pouco tempo depois da tecnologia de impressão a cores ter começado a ser utilizada para distribuir as imagens do Mundo Flutuante.






Kitagawa Utamaro foi um mestre da arte erótica japonesa. Neste "Amantes na Casa do Chá (extraído do Poema da Almofada) de 1788, o ponto de vista do observador é colocado ao lado dos 2 amantes que se encontram deitados no primeiro andar da Casa do Chá. O choque da seda vermelha em contraste com a brancura da pele, pernas que se entrelaçam debaixo de um robe transparente, a linha curvada das costas; tudo se combina numa forte imagem sensual.



«Padrões da Moda na Capital", no original Hiinagata miyako füzoku, de 1716 de Nishikawa Sukenobu dá-nos uma outra perspectiva da utilização da gravura na sociedade japonesa da época.






Em 1806 surgem estas gravuras que ilustram "Lugares Famosos da China" concebido por Okada Yokuzan. Tradicionalmente os estudiosos do governo estudavam a China antiga mas nunca a China moderna. Kimura Kenkadö de Osaka, em conjunto com alguns colegas amantes e entusiastas da China, reuniram diversas ilustrações com base no estudo detalhado de muitos livros. Aí descrevem os rituais da corte chinesa Quing e da cidade imperial de Pequim. Só se chegaram a publicar 6 volumes dos 36 inicialmente programados.





«Hokusai manga» de 1817 pertence ao GRANDE mestre Katsushika HOKUSAI e merece 1 história bem contada... Em 1814 os alunos de HOKUSAI na cidade de Nagoya insistiram com o mestre para que este publicasse alguns desenhos à escolha de entre aqueles que ele utilizava para os ensinar. O facto é que a popularidade daquele livro (o tal Hokusai manga) foi de tal ordem que chegaram-se a publicar 15 volumes... alguns deles já publicados após a sua morte. Nessa altura já o livro tinha chegado a França e andava a impressionar... os Impressionistas, eheheheh... 2 histórias nascem assim: a descoberta do Japonismo e a verdadeira origem da palavra manga.

Aqui apresenta-se a "Ponte Kaium e o Primeiro Banco Nacional na neve" de 1878 de Kobayashi Kyochika. Em apenas 5 anos (1876-1881) este artista fez quase 100 vistas coloridas da nova Tokyo Meiji. O Primeiro Banco Nacional era um importante ponto de referência na cidade, ainda parcialmente construído com madeira pelo mestre carpinteiro Shimizu Kisuke, num estilo misturado de Ocidente-Oriente. Os riquxós (carros puxados por pessoas) apareceram pela primeira em Tóquio em 1869.






A arte do teatro kabuki é homenageada nesta gravura "Neve: Padre Sögen" de 1890 por Tsukioka Yoshitoshi (mestre célebre pelas suas reproduções das ameaças e do macabro). O famoso actor kabuki Kikugorö é representado aqui na sua interpretação de Söge, monge que cai em desgraça por via do seu amor com a cortesã Irokotohime. Neve é um triptico entre a Lua e as Flores...


O imperador e a imperatriz raramente, se alguma vez, eram retratados. Todavia, com a modernização dos modelos de governação, em 1900 são criadas imagens, do imperador Meiji e da imperatriz, agora vestidos à maneira ocidental. Estas imagens foram largamente disseminadas com o intuito de cultivar a lealdade entre os seus súbditos. Novas tecnologias, tais como esta litografia a cores baseada em fotos, foram usadas nesta impressão de Nakajima Ishimatsu.



Realizada em 1920 esta impressão de madeira em papel reflecte as translações/traduções entre as várias artes. Senão vejamos... Urushibara Yoshijirö utiliza as técnicas tradicionais japonesas na cópia duma aguarela "Catedral de St Paul à Noite" de Makino Yoshio. Este último viveu quase sempre em Londres onde estudou arte e onde foi bastante conhecido pelas suas visões atmosféricas daquela cidade.






O crucifixo neste auto-retrato de Fugita Tsuguharu de 1922 demonstra a importância da fé católica para o autor. Em 1959 acaba por ser batizado, recebendo o nome de Léonard. À semelhança de muitos outros artistas, Fujita foi atraído para Paris, onde viveu a maior parte da sua carreira e onde ficou conhecido pelas suas pinturas de nús e de gatos. Entre 1933 e 1949 regressa ao Japão onde dedica parte do seu tempo a pintar cenas de guerra, num óbvio colaboracionismo com o clima que se vivia.





As séries coloridas impressas "100 Vistas da Nova Tóquio", das quais faz parte este "Dentro do Cinema Högaku-za" de Onchi Köchirö de 1929, celebrava a recuperação da cidade após o grande terramoto de 1925. Oito artistas trabalharam juntos para produzir as imagens repletas de modernidade que caracterizam o interior deste cinema. Onchi liderou o movimento "Impressão Criativa", tendio deixado deliberadamente traços do processo creativo, através da gravação forçada e da aplicação distraída da tinta.









Munakata Shiko produziu inspirantes gravuras de blocos de madeira impressos em papel, influenciado em primeira mão pelos "Artesãos Populares", também chamados movimento Mingei. Gravou os blocos de madeira com uma ferocidade enérgica. "Acima da Montanha" retirado do Volume de Impressões do Pássaro de 1938, conta a história de uma peça de teatro Noh em que o caçador se torna um espírito pelas lágrimas sangrentas e mágicas do pássaro utö.






A tradicional impressão de blocos de madeira em paapel continua a existir em 1948, anos marcados pelo pós-guerra. Neste "Pessoas na Entrada Yaesu (Estação de Tokyo)" de Kitaoka Fumio, vislumbram-se as multidões que buscam abrigo na cidade em reconstrução. O próprio artista, que lutou no decurso da II Guerra Mundial na Manchúria, teve alguma dificuldade em regressar ao Japão. Recorde-se que vivia-se a ocupação americana.






Para muitos habitantes das cidades, uma ida às fontes termais, habitualmente colocadas em locais de grande beleza natural, representa umas grandes férias. Nesta "Fonte Termal A" de 1949 de Maekawa Senpan, uma mulher aprecia uma fragante casa-de-banho construída com pranchas de madeira de cedro alinhadas, num dos vários resorts em Beppu na prefeitura de Öita. Senpan fez centenas de gravuras representando fontes termais e esta é a maior delas. Só cinco gravuras foram impressas e foram apresentadas pela primeira vez ao público numa exposição nacional em Nitten.




O actor masculino Bandö Tamasaburö V foi o maior intérprete de papéis femininos da sua geração no tradicional teatro Kabuki. O iminente fotógrafo Shinoyama Kishin inicia uma relação intensa entre a sua câmara fotográfica e o actor. Aqui a fotografia de 1973 foi transferida para uma impressão em seda com cores fortes.







(to be continued)

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